Nos séculos mais recuados da História, o local conhecido pelas Areias era, pois, um local desolado, impróprio para ser habitado. Mesmo em pleno século XVIII, mais precisamente a 30 de Abril de 1758, o Lugar das Areias tinha apenas dois vizinhos. É de notar que por vizinhos ou fogos deve entender-se famílias ou casais e não casas habitadas.
Porém, isso não quer dizer que o Lugar das Areias fosse desconhecido. Toda a gente das redondezas estava a par da sua fama, por um único motivo: a existência da ermida dedicada à Senhora das Areias. Dentro dela, encontrava-se uma imagem milagrosa e de muita romagem - A Nossa Senhora da Conceição.
Uma lenda esteve na base da construção da ermida que, segundo alguns documentos, já existiria no século XV.
Conta essa lenda que um certo dia, entrou pela barra um casco de navio que encalhara na costa das Areias. No interior deste, descobriu-se uma pequena imagem da Nossa Senhora. Tal facto foi motivo para a construção da ermida, a mando, segundo a tradição, do Cabido do Porto, na época, o senhorio da região, a quem cabia a dízima do pescado. Posteriormente, ao lado, e em 1584, terá sido erguido um cruzeiro, que servia de ancoradouro de franquia das naus que demandavam o canal. Actualmente, a ermida é a igreja matriz da freguesia.
Contudo, a região, denominada também como Areias, por ser desolada e imprópria para ser habitada, nunca foi alvo de forte movimento povoador, sabendo-se que no século XVIII apenas contava com dois moradores permanentes. Os que a demandavam eram essencialmente os pescadores.
Integrada até meados do século XIX na jurisdição religiosa do pároco de Ovar, a freguesia viu abrirem-se novos horizontes, em 1856. Foi então transferida, por ordem do Bispo do Porto, para a Paróquia da freguesia da Vera Cruz, na cidade de Aveiro.
A proximidade à nova sede, a actividade e o interesse trouxeram novos ventos para S. Jacinto. Assim em 1888, realizou-se a plantação da sua hoje protegida Mata de S. Jacinto, que permitiu fixar as dunas e fazer o aproveitamento de terrenos incultos, mais alagados e húmidos. Assim, os pescadores transformam-se também em agricultores, beneficiando do aumento da riqueza que tal proporcionou. O barco e o sacho deram as mãos na mesma casa, utilizados pelo mesmo dono. A própria actividade agrícola tirava proveito desta dupla qualidade de quem a exercia, com a utilização do moliço da ria para fertilizar os campos.
A situação geográfica de isolamento, a 60 Kms de distância via terrestre da freguesia mais próxima e a cerca de 30 minutos por via marítima, comprometeu desde sempre o povoamento e crescimento da freguesia. Assim, em 1981, São Jacinto era ocupado por 1024 pessoas, número que sofreu uma ligeira quebra ( QUANDO) para 983, albergados em 405 alojamentos.
Ao longo desta última década a freguesia tem assistido a maior fixação de gentes no seu interior, contabilizando-se, nesta altura, segundo a autarquia, cerca de dois mil moradores. Isto apesar de a freguesia conhecer as consequências da emigração, pois bastantes dos seus naturais têm abandonado o "torrão natal", para procurarem o seu caminho pelos Estados Unidos, Canadá, França e Alemanha.
Analisando ainda os dados do começo da década, verifica-se que a população era essencialmente constituída por jovens até aos 24 anos, representando cerca de 41,5% da mesma, enquanto a faixa etária dos idosos com mais de 64 anos se cifrava em 9,5%. A taxa de analfabetismo situava-se em valores abaixo da média nacional, com apenas 8%. O grupo demográfico possuidor do correspondente ao 1º ciclo de escolaridade concluído ultrapassava metade da população, isto é, 55%, enquanto o grupo daqueles que detinham o ensino secundário ou superior ficava pelos 14,5%.
Como se pode deduzir, a plantação da mata e consequente fixação das dunas permitiu o crescimento de braços ocupados na agricultura, de tal modo que ainda há alguns anos atrás esta se mantinha como uma actividade importante, ocupando uma larga fatia da população que dela obtinha alimentos como a batata, o milho, o feijão e os hortícolas. Ao mesmo tempo, a pesca, em simultâneo com a agricultura, e tantas vezes pelos mesmos braços, ainda se mantém como uma actividade de relevo para a criação de riqueza na terra. Contudo, nos últimos anos, surgiram dois sectores que claramente superaram em produto criado as duas primeiras actividades: o Turismo e a Indústria.
Para o crescente desenvolvimento do turismo muito têm contribuído os seus pólos de atracção, a começar pela própria Ria, pelo Parque Natural da Dunas de São Jacinto e as praias. Dois parques de campismo são disponibilizados para acolher os turistas que preferem optar por este tipo de instalações, usufruindo assim, do mar e da frescura verde dos parques. Contudo, um óbice acompanha o desenvolvimento centrado no turismo: a sazonalidade, consequência da dependência dos pólos atractivos estivais, como a praia e a mata.